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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Coisas legais de se fazer para viver uma vida mais simples


A vida deve ser simples, cada vez mais simples… Essa é uma determinação especialmente forte para o momento. E a simplicidade não é coisa fácil de se alcançar. O discurso pode não coincidir com a prática. O aúdio não bater com o vídeo. Aí, vem aquele sentimento de descolamento de si mesmo. Um peso por querer ter sido tão simples e continuar todo complexo e humano. Para facilitar, talvez uma lista ajude. Não sou muito fã de listas, mas vou tentar elaborar uma agora com o que eu acho básico para ser simples sem deixar de ser moderno. Longe a caretice, mas a vida urge e não tenho tempo para gastar com futilidades. Será?

O primeiro número dessa lista diz respeito à vida financeira. Uma conta só, de preferência de poupança para não gastar com tarifas. Um cartão de crédito apenas, com um limite baixo o suficiente para não cair no crédito rotativo. Para as dívidas do passado, renegociação à juros menores. Aqui, cabe uma boa frase que estava em um barzinho bacaninha aqui de Sampa: tristeza não paga dívida!!!

Número 2. Caminhe, caminhe e caminhe! Use o transporte coletivo para distâncias maiores. Ônibus e Metrô. Se tiver carro, use-o para viagens para o interior, mar ou montanha. Não desperdice seu tempo parado no trânsito! Ou, melhor ainda, compre uma bicicleta e faça dela seu meio de transporte. Para isso, vai ter que se juntar a um grupo de ciclistas que protestam por mais ciclovias na cidade. Porque São Paulo sempre privilegiou quem tem carro. Deu no que deu!!! A vida está cada vez mais engarrafada! Nas próximas eleições municipais, não dê seu voto a quem não defenderá seus interesses por uma vida mais simples.

Número 3. Baixe músicas novas sempre. Descubra novos artistas, novas vozes, artistas antigos em nova fase criativa… A vida fica muuuuuuito mais leve com música boa e de qualidade. E para sua música, um bom tocador de MP3, né?! Confesso que sou adepto do iPOD da Apple. Vou fazer o que se o som do bichinho é bom pra cara (piiiiiii)!!! Como diz o personagem da série cômica da TV, iPOP é “mara”. Tecnologia quando ajuda e não escraviza, contribui para uma vida simples, acredite.

Número 4. Ainda no ramo da tecnologia, para facilitar contatos, relacionamentos e manter sempre viva a chama da amizade, que tal dar um micro de presente pra sua mãe? Ela pode não saber nada de informática. Nem precisa. Garanto que duas ou três explicações detalhadas vão fazer dela uma expert no que pode ser útil na internet como falar no Skype, no MSN… Ela vai amar o perfil no Orkut, afinal vai poder te acompanhar um pouquinho, principalmente se mora longe.

Número 5. Um bom vinho é tudo de bom. Beba com moderação, ou não! Sem querer fazer apologia às drogas, mas há drogas piores, não?! Nem tô falando de algo que se toma!

Número 6. Não assine revistas semanais de notícias. Elas são chatas e tendenciosas. Querem fazer você ter uma opinião estúpida sobre a política, economia, cultura etc. E, depois, tudo está na internet, onde é possível comparar e tirar melhor suas próprias conclusões. Ah! Além de tudo isso, você contribui para que menos árvores sejam cortadas… Digamos que essa também é uma postura ecológica. Você pode ser simples e “auto-sustentável”!

Número 7. Olhe sempre para o céu. Lá vai encontar a lua, as estrelas… Nada mais inspirador, apesar da poluição ofuscante da metrópole. Ontem, a lua tava cheia e linda.

Número 8. Dance sozinho. Ponha música e gaste energia. Pode ser sozinho ou acompanhado. Vai ver que delícia é se deixar levar pela música… Nada mais revigorante.

Número 9. Abra suas janelas de vez em quando. Nada pior do que um ambiente com bafinho, vírus e bactérias a deus dará, fazendo da gente alvo fácil. Vente, vento sempre!!! Até no friozinho. Não é porque tá frio que você tem que trancar tudo.

Número 10. Contato. Abraço, carinho, beijo. Tudo isso nos faz mais humanos… Nos faz lembrar que, bichos acuados, precisamos do afago para sobreviver e viver melhor. Por mais difícil que seja contatar alguém, não deixe de tentar. Troque sempre sua energia com pessoas bacanas e verá que a vida pode ser tão complexa de tão simples!!! Ah! Vale lembrar a metáfora do porco espinho. Nem tão longe para ficar frio, mas não tão perto que os espinhos possam machucar uns aos outros.

Será que consegui ser simples com essas 10 dicas? Respire! Essa é a décima primeira dica, porque não quero ser redondinho. Fundamental do fundamento! Sinta o ar entrando e saindo… Feche os olhos e se sinta. Esse papo tá ficando muito místico. Paremos por aqui e até a próxima.

Saúde e sorte!

Dicas para para que este post se transforme em atitude: A primeira foto é da Cyndi Lauper (a Madonna dos 80) em seu novíssimo trabalho Bring Ya To Brink. Se você ainda não conhece, corra para a Amazon (ou para o Soulseek) e baixe o CD porque ela volta com tuuuuuudo. Solte o som e o corpo e dance. Simples assim!

Agora, se você quer novidade brasileira, que tal o CD Tempo Quente da Marina Machado? MPB modernosa, voz delirante. Tenho certeza que você vai amar!

8 razões para ter uma vida simples

Existem estudos que dizem que não estamos mais felizes por termos a possibilidade de adquirir mais coisas na vida. Os habitantes dos países mais ricos são aqueles que têm mais “stress” e depressão, apesar de viverem em casa maiores e de terem mais acessórios do que alguma vez alguém teve, na história da humanidade. Estamos a ficar viciados no consumo, e isso obriga-nos a consumir mais, a ter as coisas maiores, mas caras, mais recentes e mais “fashion” do mercado. No entanto, o tempo passou a ser um dos bens mais preciosos para nós, porque para conseguirmos ter tudo o que pensamos ser necessário, necessitamos de dar em troca o nosso tempo e esforço pessoal. A pressão é cada vez maior.

Aqui ficam oito razões para o ajudar a optar por uma vida mais simples:
Prioridade para um estilo de vida satisfatório

A sua família e estilo de vida simples passam a ser a sua prioridade, em vez de andar sempre a correr atrás de um carro novo, uma piscina, uma casa maior… Em vez de se preocupar com o que os outros pensam de si, preocupa-se com aquilo que é importante na sua vida.
Valorizar o Tempo

O Tempo é actualmente considerado uma preciosa raridade, e deverá gastá-lo da forma que tenha maior significado para si. Se tiver uma casa mais pequena, não perderá tanto tempo em limpezas e arrumações, além disso não terá de perder mais horas num emprego para a poder pagar. Elimine também o tempo que passa em frente ao plasma, e foque-se no valor do seu tempo livre.
As suas coisas não obrigam à sua atenção

Tudo o que compra, para si e para a sua casa, necessita de atenção constante. Gasta tempo para comprar, usar, limpar, arrumar, trocar, arranjar, vender… Tudo isto obriga-o a ter mais preocupações e a gastar energia para poder dar conta de tudo o que tem e que pensa que é importante. Será mesmo necessário ter 3 telemóveis? Ou 2 leitores de MP3?

Livre-se do que não necessita, e gaste o seu tempo com aquilo que verdadeiramente lhe dá prazer. Use o tempo livre para passear ao ar livre.
Alcance mais com menos

Quando opta por uma vida mais simples, passa a ter menos preocupações, menos distracções e mais energia para gastar. Passa a caminhar mais lentamente pela vida e a pensar com maior clareza. Pode focar-se mais nos seus sentidos e traçar os objectivos que são realmente importantes para si, e uma vez que serão menos objectivos do que aqueles que iria traçar numa situação de consumismo, poderá atingir melhores resultados e mais rapidamente.

Se quer trocar a sua casa na cidade por uma casa mais próxima do campo, poderá alcançar mais facilmente o objectivo se não quiser, ao mesmo tempo, trocar de carro a cada dois anos.
A lei do retorno diminuto

Quanto mais coisas comprar ou quanto maior for a exposição a um determinado prazer (uma camisa nova, por exemplo) menor será a sua sensação de alegria ao longo do tempo. A excitação inicial desaparece rapidamente com a exposição frequente. Isto é muito frequente nas crianças quando recebem um presente novo.

Comprar mais coisas para se sentir melhor não lhe trará uma satisfação duradoura.
Preocupações com dinheiro reduzidas

Viver numa casa mais pequena e mais simples, mas suficiente para as suas necessidades, reduz as suas preocupações com dinheiro. Não tem de se preocupar com as flutuações nas taxas de crédito, é mais barata de aquecer ou arrefecer, necessita de menos mobília, menos limpezas, menos obras…
A sua auto-estima não está ligada às suas posses

Começa a perceber que o seu valor e o que o inspira a levantar-se diariamente, não são as coisas que tem, mas sim a alegria de viver o momento, na maior simplicidade. O vício do consumo não satisfaz a alma.
Consumo consciente

Ao libertar-se do vício do consumo, passa a ter um consumo consciente. Quanto mais simples for a sua vida, maior consciência tem na aquisição de um produto novo, mais o irá valorizar e desfrutar. Passará a querer comprar apenas produtos que não destruam o ambiente e que possam dar às futuras gerações uma vida sustentável.

10 formas simples de viver uma menos stressante.

Se me perguntasse qual era a chave para a longevidade, teria de dizer: evitar as preocupações, o stress e a tensão. Mesmo que não me perguntasse, teria de o dizer na mesma.”
- George F. Burns

O stress está à espreita em cada canto e esquina – trabalho, família, questões financeiras – e juntamente com hábitos nocivos como uma alimentação pouco saudável, muito álcool e tabaco, e pouco exercício físico, tudo contribui para elevar ainda mais os níveis de stress. Existem pequenas coisas que pode alterar na sua vida para que passe a dominar o stress e não vice-versa.
Também é importante saber que nunca terá uma vida completamente livre de stress e, convenhamos, em doses razoáveis, até é uma coisa que nos desafia e ajuda a crescer. Mesmo assim, há sempre espaço para melhorar, principalmente no que toca à nossa saúde e bem-estar. Inspire-se nestes 10 hábitos – um de cada vez – e comece a viver uma vida menos stressante mais depressa do que imagina.
Uma coisa de cada vez. Esta é a forma mais simples e mais eficaz de começar a reduzir os seus níveis de stress já hoje, ou melhor, agora mesmo. Procure concentrar-se a 100% em cada coisa que faz e faça apenas uma coisa de cada vez, ou seja, elimine toda e qualquer distracção. Precisa de limpar o frigorífico? Faça apenas isso. Tem um artigo para acabar? Dedique-se à sua concretização. Vai ser difícil não lavar a loiça enquanto fala ao telefone e vê o telejornal; ou espreitar o e-mail de cinco em cinco minutos quando devia de estar a terminar aquele projecto. Como tudo, vai precisar de praticar e com a prática vai melhorar e até ganhar vontade de fazer mais, mas sempre uma coisa de cada vez.
Simplifique a agenda. Uma agenda caótica é, em si só, um enorme instigador de stress. Procure simplificá-la ao reduzir o número de compromissos que tem, mantendo apenas os essenciais. Aos restantes, aprenda a dizer que não, será a melhor forma de se “livrar” de compromissos que não lhe são benéficos. Agende poucas coisas por dia – coisas importantes – deixando sempre tempo livre entre as mesmas, ou seja, certifique-se que tem tempo para descontrair e para divertir-se.
Mexa-se. Seja activo todos os dias: um jogo amigável de futebol com os amigos, uma corrida, uma sessão de ioga ou uma simples caminhada é o suficiente para reduzir e manter o stress à distância. Não tem de fazer exercício físico extenuante para combater o stress, basta mexer-se diariamente e divertir-se a fazê-lo.
Incuta um novo hábito saudável este mês. Para além de se manter activo, melhorar o seu estado de saúde em geral vai ajudá-lo a controlar melhor o stress. Tente incutir um novo hábito saudável todos os meses: deixe de fumar, substitua as bolachas por fruta na hora do lanche, coma mais legumes, passe a lavar os dentes três vezes por dia, coma mais peixe, troque os refrigerantes por água…
Faça algo calmante. O que mais gosta de fazer para se acalmar? Para muitas pessoas pode ser pôr-se a mexer como falamos em cima, para outros pode ser dormir uma sesta, tomar um banho de imersão, ler ou fazer amor (o que pode ser considerado uma actividade física se durar mais de 5 minutos!). Outras pessoas ficam mais tranquilas quando se entregam às lides domésticas ou à jardinagem, enquanto outras preferem a meditação ou o pilates. Descubra a sua actividade calmante e tente incorporá-la no seu dia-a-dia.
Simplifique as suas finanças. Os assuntos financeiros podem ser uma fonte inesgotável de stress e o suficiente para desgastar todas as suas energias e criar-lhe verdadeiras dores de cabeça. Se este é o seu caso, procure formas de garantir a sua estabilidade e sucesso financeiro; mentalize-se que não precisa de gastar muito dinheiro para ser feliz ou para se mimar como deve ser.
Desfrute ao máximo! Faça questão de se rir e de se divertir todos os dias, nem que seja por apenas alguns minutos. Pode ser brincar com os miúdos, conversar com um velho amigo, dançar em frente ao espelho, cantar no duche, fazer algo atrevido com a sua cara-metade… seja o que for, ria-se muito!
Seja criativo. Tal como o riso, também a criatividade é uma terapia excelente para reduzir e prevenir o stress. Seja escrever, pintar, tocar música, desenhar, decorar, fazer bricolage ou projectos manuais, o importante é despertar a veia criativa que há em si.
Organizar. O stress visual também perturba, principalmente quando tem locais de trabalho ou divisões da casa cheias de objectos em excesso e que não têm qualquer utilidade se não ocupar espaço. Analise a sua casa e escritório, vendo bem o que está a mais, o que pode ser doado, o que seria mais útil noutra divisão e comece a eliminar e a organizar. No final, terá um ambiente muito mais pacífico para trabalhar, brincar e viver. Faça isto de vez em quando, pode até acabar por ser uma das suas actividades mais divertidas!
Chegue sempre cedo. Passamos cada vez mais tempo a correr e, mesmo assim, sempre atrasados – duas coisas que são grandes aliadas do stress. Por norma, os nossos afazeres acabam sempre por demorar mais tempo do que o previsto, por isso mesmo, é fundamental assegurar sempre alguns minutos extra – seja levantar-se mais cedo, começar a preparar os miúdos ainda mais cedo que o costume ou não deixar para amanhã o que pode fazer hoje. Para além de ajudá-lo a não se atrasar, esse tempo extra permite-lhe executar o que tem a fazer com mais calma.

Como sobreviver as crises.

Sim, estamos passando por uma crise mundial e todos já sabemos. Mas o que eu tenho com isso? Será que uma pessoa comum como eu, que não tem nenhum poder sobre a economia, que não pode infl uir nas grandes decisões políticas, que não pode fazer nada para mudar o que está acontecendo, tem alguma coisa a ver com a crise?

Para responder a pergunta acima, caro leitor, vamos fazer uma rápida revisão do conceito de crise. Comecemos pela etimologia: a palavra deriva do grego krisis, que significa “decisão”. Só de entender a origem da palavra, percebemos que ela tem a ver com todos, pois não há quem não tenha que tomar decisões na vida, a não ser os que não querem mandar em seu próprio destino. Além disso, temos que entender que uma crise pode surgir por, pelo menos, três motivos: pode ser uma situação inesperada, um fato provocado ou uma condição natural.

Situações inesperadas acontecem, ainda que muitas delas pudessem ser evitadas com um pequeno exercício de previsão. Mas uma crise pode se instalar em nossa vida de repente, provocada por forças que não podemos controlar. Que atire a primeira pedra quem nunca viveu uma crise financeira, profissional, emocional ou mesmo de saúde. E levante a mão aquele que não se revoltou enquanto estava vivendo com a crise e não sentiu que ficou melhor depois que ela passou. A crise exige tudo de nós, libera as forças que estavam adormecidas e nos aprimora imensamente. Uma crise pode deixar a pessoa melhor, acredite. Aliás, saiba que você não será julgado pelas crises que teve – pois elas são inesperadas –, e sim pelo que você fez com elas.

Crises inesperadas
Quando eu estava entrando na adolescência, uma idade cheia de dúvidas e chatices, meu pai faliu. Aquele mundo seguro, organizado e alegre que conhecia ruiu de um dia para o outro sem que eu tivesse o mínimo de preparação para enfrentar as mudanças que viriam, e que não foram poucas. Para mim, essa crise familiar foi totalmente inesperada, pois não tinha idade para entender os acontecimentos que precederam o desastre. Confesso que não foi fácil, principalmente por conviver com o sofrimento de meus pais e por não apresentar nenhuma condição de colaborar, a não ser com minha própria passividade. Se eu pudesse mudar minha história, começaria por apagar aqueles dias de apreensão e angústia familiares. Como isso não é possível, o que me restou foi mudar a história dentro de mim – sua dimensão e seu significado – para alterar seus efeitos, que é o que interessa no fim.

Crises intencionais
Exatamente porque a crise trans forma as pessoas para melhor que muitas vezes ela é intencional. Essa é uma abordagem que cabe melhor na administração de empresas. Pode parecer estranho, mas, nas organizações, em muitas situações são instaladas crises que parecem desnecessárias, mas têm um forte componente estratégico. Os períodos de progresso, com uma equipe vencedora trazendo ótimos resultados, não parecem ter alguma coisa a ver com uma crise, mas muitas vezes são a consequência de uma. Quando os resultados desejados ameaçam não se manter, estagnam, começam a se repetir e a curva no gráfico assume o comportamento de platô, é o momento de instalar uma crise artifi cial porque os administradores percebem que há uma crise natural no horizonte.

Nas empresas, por incrível que pareça, os líderes são verdadeiros criadores de crises, no bom sentido. Eles têm o poder, e o dever, de tirar as pessoas da zona de conforto, exigir próatividade, criatividade, inovação, resultados melhores. Crise é exatamente isto, uma situação em que as pessoas se sentem desconfortáveis, então reagem, tornam-se mais ativas, atentas, preocupadas em dar o melhor de si. Além disso, uma crise tem outra virtude: a de separar o joio do trigo. Sim, pois, na crise, aqueles que não são comprometidos são os primeiros a abandonar o barco e isso é ótimo, pois quem não ajuda atrapalha.

Crises naturais
Também existem as crises naturais da vida, que marcam nossas fases evolutivas. Nossos ciclos são abertos pelas passagens da idade, pelas novas atividades ou pelas relações humanas. Passar da infância para a adolescência ou desta para a maturidade, sair do colégio e entrar na faculdade, trocar de emprego, casar, ter um fi - lho, todos esses momentos são momentos de ruptura, de decisões importantes, de crises, enfim. E haja fôlego para enfrentá-los. Entretanto, se, por um lado, não temos como fugir dessas crises existenciais, por outro, aprendemos com elas e, por isso, amadurecemos e evoluímos. Na evolução natural das coisas, uma crise é um momento ou uma fase difícil, em que fatos, ideias, status ou situações são questionados e levados a mudar. Crises são, portanto, naturais. Lembro-me de uma lição da natureza. Certa vez, em Belém, tive a oportunidade de visitar o maior borboletário do mundo (orgulho dos paraenses), no Mangal das Garças. Para entrar nele, é necessário não ter medo de insetos, mas isso não é difícil, pois as borboletas nem parecem ser da mesma classe das moscas e dos besouros – lembram delicados pássaros ou, quem sabe, pinceladas de tinta no ar.

Cada borboleta vive cerca de um mês, então é necessária a reposição permanente. E de onde vêm os bichinhos? Lá há uma espécie de berçário, um laboratório que alimenta as fases intermediárias da borboleta, pois ela vive mais tempo em outras formas, antes de virar um inseto voador. O biólogo responsável me explicou direitinho: “Do ovo nasce a lagarta, que se alimenta o quanto pode. Então ela vira crisálida e fi ca dentro de um casulo para fi nalmente virar borboleta através de um processo delicado de transformação”. “Crisálida?”, perguntei curioso. “Sim, é o nome dessa fase de grandes transformações. É quando, de fato, a feia lagarta vira a bela borboleta. Recebeu esse nome porque é quando o animalzinho vive uma crise de mutações.”

Eu precisei de uma borboleta e de um biólogo para fi nalmente entender o verdadeiro signifi cado de uma crise. E, mais, para perceber que a crise é parte de um processo natural de evolução, sem a qual ficamos estáticos, presos a uma condição não mutante, cristalizada na mediocridade. No fim, a crise é o que nos salva porque nos desafia, estimula, ensina e, finalmente, nos transforma.

O que dá para fazer
O escritor Anthony Robbins, que teve seu livro Poder Sem Limites no topo da lista dos mais vendidos nos Estados Unidos por meses, faz uma refl exão inquietante sobre como reagimos às crises. Ele se pergunta: “Que mistério envolve a diferença que há entre uma pessoa que aproveita a oportunidade de estar vivendo uma crise para se transformar para melhor e outra que simplesmente se deixa destruir por ela?” A resposta não é fácil e preocupa não só o escritor como também psicólogos, professores e pais.

A segunda explicação vem da psicologia, que busca entender a relação entre os efeitos e suas causas. Quando uma grande perda – a separação dos pais, por exemplo – não recebe o devido tratamento e não é elaborada convenientemente, pode se transformar em um trauma. Traumas são minas terrestres na estrada da vida, e a qualquer momento podemos pisar em uma delas. É por isso que as crianças devem aprender a conviver com algumas frustrações, pois, se suas vontades forem atendidas permanentemente, encontrarão alguma difi culdade para lidar com as frustrações futuras, que são inevitáveis em uma vida normal.

A terceira possibilidade de entendimento é oferecida pela pedagogia, que nos dá uma pista espetacular: podemos aprender a lidar com as crises. E podemos ensinar a outros, pois há uma lógica no aparecimento e na solução de uma crise. Para aprender a lidar com as crises, temos que perceber que nada na vida é definitivo e o tempo será o recurso mais útil para acalmar o espírito, apagar as mágoas e limpar o arquivo do sofrimento.

Igualmente importante é deixar a razão predominar, pois, dessa forma, poderemos analisar o cenário e entender por que a crise se instalou e elaborar possíveis saídas. E partir para a ação, não ficar paralisado pelo medo, bloqueado pela indignação ou pasmo ante o inesperado