O trânsito e o trabalho podem ser fatores menos desgastantes que o próprio lar
Para quem mora em grandes cidades, viver com o estresse é comum. Segundo
estudo feito pelo Centro Psicológico de Controle do Stress,
aproximadamente 40% dos habitantes de São Paulo se consideram
estressados. Muitos pensam que o trânsito, a poluição e a rotina de
trabalho são os maiores vilões dessa história. Mas o maior foco
de estresse pode ser um lugar inesperado: a sua própria casa.
Um estudo da Secretaria de Estado da Saúde, em parceria com a Sociedade
de Cardiologia do Estado de São Paulo, afirma que as pessoas ficam mais
estressadas dentro de casa do que no trabalho ou no trânsito.
O estudo foi feito a partir de dados de 100 mil pessoas da cidade de São
Paulo e Campinas, recolhidos durante um mutirão estadual do coração em
2009. Dentre os participantes, 23,% disse sofrer de estresse em casa e
que ter algum fator estressante no último ano, como morte de familiar,
perda de emprego, separação conjugal ou ruína financeira.
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"Os fatores estressantes que ocorrem dentro de casa devem ter uma
magnitude maior do que os que acontecem no trabalho para as pessoas
questionadas", diz Denise Pará Diniz, coordenadora do Setor de
Gerenciamento do Estresse e Qualidade de Vida da Universidade Federal de
São Paulo.
Por que isso acontece?
A Universidade de Washington criou, em 1970, a escala Holmes-Rahe, que
identifica e classifica 43 fatores estressores, atribuindo a cada um uma
nota de 1 a 100. Essa lista é atualizada constantemente para melhor
entender os fatores de estresse mais atuais. De acordo com a escala, a
morte de um cônjuge e o divórcio são os acontecimentos que mais
estressam as pessoas atualmente, tendo, respectivamente, 100 e 73
pontos.
Segundo Denise, isso acontece porque, quanto mais forte for o vínculo
com uma pessoa, maiores serão as conseqüências de um possível
rompimento. "Como a maioria das pessoas tem um vínculo maior com os
relacionamentos domésticos do que com as pessoas do trabalho, os atritos
ou problemas que ocorrem dentro de casa tendem a ser mais
estressantes", explica.
O cotidiano também transforma a casa em um lugar mais estressante,
principalmente para as mulheres, que lidam com responsabilidades
profissionais e familiares mais do que os homens. De acordo com a
pesquisa, 48% das mulheres citaram fatores de estresse em casa,
enquanto, entre os homens, esse número cai para 13%. Brigas com os
filhos, discussões sobre o relacionamento, fazer o orçamento do mês, ir
às compras e preparar refeições são algumas das obrigações que tornam a
casa mais estressante para as mulheres.
Por isso, marido, filhos e rotina de trabalho podem ser fatores
determinantes para que as mulheres estejam cada vez mais estressadas e
propensas a desenvolver problemas cardiovasculares. Segundo os autores
do estudo, o resultado pode indicar o estresse como um novo quesito para
doenças cardiovasculares na modernidade.
"O estresse pode levar ao desenvolvimento de complicações no sistema
cardiovascular e renal, além de problemas psicológicos, como
a depressão. Além disso, o estresse em casa prejudica todas as outras
esferas da vida, como o ambiente profissional e o social", comenta
Denise.
Fator de proteção"A melhor maneira de não se estressar é
criar um fator de proteção. As pessoas precisam prestar atenção se a
sua saúde, tanto física como psicológica, está sendo prejudicada por
relacionamentos ou obrigações dentro de casa", comenta Denise.
Quando o problema está no relacionamento, Denise recomenda: muitas
vezes, é preciso se acostumar e se adaptar aos conflitos de interesses
entre você e seu cônjuge. Saber o que te incomoda e deixar isso bem
claro para a outra pessoa ajuda na batalha contra o estresse. "A
reconciliação é sempre a melhor opção, já que um dos acontecimentos mais
estressantes é a separação. Mas, se o entendimento não é alcançado,
ficar junto se torna um fator de estresse constante", conta a
profissional.
Se as tarefas diárias são a fonte de estresse, procure mudar o jeito de
encarar as suas obrigações. "O indivíduo deve, se possível, parar de
fazer ou fazer com menos frequência todas aquelas tarefas que são
fatores de estresse. Se isso não for possível, ele deve encarar essa
atividade ou obrigação de uma maneira positiva e procurar entender que
estressar com aquilo não irá fazer o problema desaparecer", sugere
Denise.
Um ótimo dia a Você.
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